Publicado em 01/09/2010 por Blog Sétimo Dia
A
mais de Cento e cinquenta anos atrás no mês de Novembro, uma
espetacular chuva de meteoros caiu sobre a América do Norte. Os
estudantes da profecia bíblica, viram neste evento, o cumprimento das
palavras de Cristo em Marcos 13:25-26: “as estrelas cairão do
firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, verão o Filho
do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória”.
Este
dramático evento astronómico prendeu a imaginação popular como nenhum
outro, excepto talvez, pelas missões lunares da Apolo e o cometa Halley.
As palavras do Apocalipse descreveram literalmente o que dezenas de
milhares de pessoas viram: “E as estrelas do céu caíram sobre a Terra,
como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um
vento forte” (Apoc. 6:13). Ellen White escreveu: “Esta profecia teve
cumprimento surpreendente e impressionante na grande chuva meteórica de
13 de Novembro de 1833. Aquela foi a mais extensa e maravilhosa exibição
de estrelas cadentes que já se tem registrado” (O Grande Conflito pág
333).
William Miller já estivera
pregando a profecia bíblica por vários anos quando esta ocorrência
espetacular concentrou atenção adicional em sua mensagem.
Numerosas
testemunhas testificaram a natureza incomum do evento. O Professor
Denison Olmsted, de Yale, escreveu: “Para formar uma idéia do fenômeno, o
leitor pode imaginar uma constante sucessão de bolas de fogo,
semelhantes à foguetes, irradiando em todas as direções a partir de um
ponto no céu. . . [Houve] meteoros de vários tamanhos e graus de
esplendor: alguns simples pontos, mas outros eram maiores e mais
brilhantes do que Júpiter ou Vênus”. (1)
O Dr. Humphreys, presidente do St. John’s College em Annapolis, declarou: “Durante o período
imediatamente anterior ao amanhecer, o evento foi observado por muitas pessoas inteligentes na cidade, cujas declarações coincidem mais perfeitamente, quanto ao número quase infinito de meteoros. Nas palavras da maioria dos observadores, eles caíram como flocos de neve”. (2)
imediatamente anterior ao amanhecer, o evento foi observado por muitas pessoas inteligentes na cidade, cujas declarações coincidem mais perfeitamente, quanto ao número quase infinito de meteoros. Nas palavras da maioria dos observadores, eles caíram como flocos de neve”. (2)
Embora
muitas vezes os meteoros fossem observados, a sua causa foi mal
compreendida até o final do século XVIII. Repercutindo séculos de
superstição na interpretação dos fenômenos naturais, muitos cientistas
não estavam dispostos a aceitar os relatórios populares,
independentemente de quão bem documentados eles fossem. Por exemplo,
quando a Academia Francesa de Ciências enviou uma comissão para Luce
para examinar as circunstâncias da queda de um meteorito, apesar do
testemunho unânime de numerosas testemunhas oculares, a Comissão
concluiu que a pedra não caiu do céu, mas foi atingida por um raio. (3)
Thomas
Jefferson disse que ele preferia acreditar que um professor Yankee
mentiria do que acreditar que as pedras pudessem cair do céu (4). No
entanto, ao início do século XIX os cientistas reconheceram a natureza
geral dos meteoros como massas de pedra ou metálicas aquecidas a
temperaturas incandescentes pelo atrito com a atmosfera.
Iniciado o Estudo Científico
O
chuveiro meteórico de 1833 marcou não só o cumprimento de uma profecia
bíblica, mas foi o evento que lançou o início do estudo científico de
meteoros de uma forma abrangente. Muitos observadores dessa chuva de
meteoros observaram que as trilhas dos meteoros pareciam irradiar de um
ponto comum no céu, perto do pescoço da constelação de Leo ( o Leão).
Este indício levou os primeiros pesquisadores a idéia de que o evento
resultou de um conjunto disperso de detritos interplanetários cuja
órbita atravessou a órbita da Terra. A radiação visível de um ponto no
céu foi causada pela perspectiva terrena de observar o fenômeno numa
alta altitude. Os cientistas perceberam que a órbita da Terra e os
meteoros poderiam se cruzar várias vezes, e que o chuveiro meteórico
poderia ser um evento períodico.
Uma
similar, porém bem menos divulgada chuva de meteoros, tinha ocorrido na
América do Sul em 1799. O bem-conhecido cientista e viajante Humboldt,
referiu-se á “milhares de meteoros e bolas de fogo, que se deslocam
regularmente de norte a sul, com nenhuma parte do céu tão grande como
duas vezes o diâmetro da lua, não preenchida a cada instante pelos
meteoros” (5)
Outro viajante no
mar ao largo do Cabo da Florida escreveu sobre a chuva de meteoros de
1799: “O fenômeno foi grande e impressionante, o céu inteiro parecia
como que iluminado por foguetes. . . que apareciam a todo instante tão
numerosos quanto as estrelas” (6) . Relatos de nativos da América do Sul
indicaram que uma queda semelhante ocorria a cada 33 ou 25 anos.
Baseados nisso, os primeiros pesquisadores vincularam este chuveiro com
outros registrados já há muito tempo em 585 DC. (7)
Este
grupo de meteoros foi nomeado de Leónidas devido a constelação Leo, da
qual eles pareciam irradiar em sua queda no outono de 1833. Foi uma
ocasião feliz quando esse fenômeno voltou a ocorrer, como previsto em
1866. No entanto, o número de Leónidas observado em 1866 foi
significativamente menor do que os observados em 1833 ou 1799.
Os
observadores sofreram agudo desapontamento quando em 1899, a chuva de
meteoros não ocorreu conforme o esperado. O autor do livro Meteors
escreveu: “É a opinião pessoal do escritor que o fracasso do retorno das
Leónidas em 1899 foi o pior golpe já sofrido pela astronomia aos olhos
do público”. (8)
Apesar de um bom
chuveiro de Leónidas visto em 1932 (embora menos intenso do que 1866) o
interesse público pelo fenômeno foi em grande parte perdido. Era
suposto por alguns que a repetida interação gravitacional entre o enxame
de meteoros e outros planetas tinha removido seu caminho da órbita da
Terra e que futuras grandes quedas seriam improváveis (9). Em 16 de
novembro de 1966, a noite do próximo retorno programado, meteoros
começaram a chegar em uma intensidade moderada de cerca de 50 por hora.
Então, pouco antes do amanhecer, o espetacularespintariscópio, e, instintivamente,
procuramos nos proteger virando o rosto dos imaginários escombros
celestes” (10).
O jornal
especializado Sky and Telescope observou: “Esta brilhante exibição
rivalizou com o histórico chuveiro de Leónidas de 12 de novembro de
1799, no Peru, e o de 13 de novembro de 1833″ (11).
Para
comparar as chuvas de 1833 e 1966, temos de depender mais de descrições
qualitativas, uma vez que nenhum único observador viu ambos os eventos.
Algumas estimativas quantitativas foram feitas para a queda de 1833
entre 10.000 e 35.000 meteoros por hora (12). Por um intervalo de uma
hora antes do amanhecer, em 1966, numerosos observadores treinados
apresentaram taxas de 90 mil à 140 mil meteoros por hora (13). O
chuveiro de 1966 rivalizava com a célebre queda de 1833.
Certamente
este chuveiro nunca entrou na consciência de massa da forma como o seu
antecessor fez. Na verdade, o New York Times, para essas datas, não
reportou nada sobre o espetáculo celeste visto no oeste dos Estados
Unidos.
A queda de 1966 passou
despercebida, porque geralmente era vista apenas no Arizona, Colorado,
Novo México e Texas, estados de baixa densidade populacional. No
Oriente, haviam nuvens. O Sul, quando claro, perdeu o pico da chuva na
madrugada, e a Costa Oeste estava nublada. Além disso, o público
entendia a natureza dos meteoros melhor do que as pessoas do século XIX,
portanto, o evento parecia menos misterioso, além de ser ofuscado pelas
notícias de eventos sobre o homem no espaço.
Como
podemos entender tais fenômenos naturais em um contexto profético? Um
evento natural é visto tendo significado sobrenatural quando o Espírito
leva a comunidade de crentes para vê-lo como tal. Alguns podem objetar
que esse ponto de vista é muito subjetivo.
Por
outro lado, poderíamos supor que um evento natural têm significado
profético sempre que for o mais singular evento que se encaixa no
esquema profético. Além de ser circular, este ponto de vista corre o
risco de invalidar o entendimento profético dos crentes, como a
ocorrência de novos eventos ou a descoberta de eventos anteriormente
desconhecidos.
Tal visão poderia
remover dos crentes, a experiência de reconhecimento de cumprimento
profético, colocando-os nas mãos de cientistas e historiadores. A
profecia é para os crentes. Exigir que as questões de fé sejam
empiricamente demonstráveis é arriscar a fé numa fundação sujeita a ser
bombardeada por todo vento e onda de investigação.
Devemos
considerar o contexto dos versos bíblicos citados a partir dos
Evangelhos e do Apocalipse. Eles não foram ditos exclusivamente para
nosso tempo, mas deveriam ter sido compreendidos, de dentro de um
patrimônio da literatura apocalíptica, da qual estas imagens foram
delineadas por Cristo e João. Os judeus do primeiro século não olhavam
para os acontecimentos naturais no meio científico como nós o fazemos.
Em uma inversão interessante, sua visão de mundo via os fenômenos
físicos como metáforas para a realidade de Deus.
Deus
um dia nos colocará para além da condição humana de incerteza e,
pessoalmente, visivelmente se manifestará no mundo. Estas palavras
proféticas podem ter um significado pessoal para nós, da mesma maneira
elas trazem esperança para a interpretação histórica adventista que
indica que a vinda de Cristo está próxima, mesmo às portas.
Os
primeiros estudantes adventistas da Bíblia viram um significado
especial na queda de meteoros de 1833, porque ocorreu em um tempo e
lugar onde a atenção especial estava sendo dada aos sinais proféticos do
retorno de Cristo. Para eles, o chuveiro meteórico confirmou-lhes a fé,
porque viram que ocorreu na seqüência bíblica, após um grande terremoto
(1755) e um dia escuro (1780), e perto da conclusão do período de 1260
anos proféticos.
Pode ser que
mais uma vez o Espírito vai usar esse elegante evento astronômico para
nos lembrar de nossa situação precária neste planeta. Deus graciosamente
permitiu-nos tempo para preparar o mundo para seu retorno e nos tem
dado avisos de que o evento se aproxima.
Referências
1)
‘Denison Olmsted, Silliman’s Journal, 25:354-431 and 26:132-174, quoted
in Charles P. Olivier, Meteors (Baltimore: Williams & Wilkins Co.,
1925), p. 24.
2) Humphreys,
American Journal of Science, 25:372, quoted inEverett Dick, “The Falling
of the Stars,” The Advent Review and Sabbath Herald, Nov. 2, 1933, p.
11.
3) Olivier, op. cit., p. 5.
4) Fritz Heide, Meteorites, trans. by Edward Anders and Eugene DuFresne (Chicago: University of Chicago Press, 1964), p. 66.
5) A. C. B. Lovell, Meteor Astronomy (Oxford: Clarendon Press, 1954), p. 337.
6) Olivier, op. cit., pp. 23, 24.
7) ‘Lovell, toe. cit.
8) Olivier, op. cit., p. 38,
9) ‘Lovell, op. cit., p. 338.
10) Capen, quoted in editorial staff,” Great Leonic Meteor Shower of 1966,” Sky and Telescope, January, 1967, p. 6.
11) Ibid., p. 4.
12) Olivier, op. cit., p. 25. The author also notes on page 40: “It is very easy to overestimate the number of meteors.
13) Capen, op. cit., p. 6; “Leonids Fulfill Promise,” Science News, Nov. 26, 1966, p.453.
Artigo
extraído da Adventist Review de 24 de novembro de 1983. Crédito da
tradução, Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com/