Felizmente
os doutores de Economia não costumam ir para doutores dos bancos de
urgência. Nestes, quando uma mãe leva lá o filhinho constipado, o médico
receita um comprimido de paracetamol e diz que a febre vai baixar. Se a
mãe for galinha e destravada, pergunta: "Mas, doutor, o meu menino pode
vir a ter um cancro no pâncreas?" Ao que o médico de hospital só pode
responder: "Oh, minha senhora, dê o comprimido ao miúdo e tenha juízo
..." Isso, nas urgências, porque se sucede no intervalo do encontro dos
ministros das Finanças da UE, como agora se realiza em Copenhaga,
abordar um doutor de Economia pode começar bem mas logo tresmalha. Por
exemplo, o professor Vítor Constâncio fez o discurso a que o bom senso
obriga: os spreads (é como se diz febre em economês) estão a baixar para
Portugal e os mercados (é como se diz vírus) estão a acalmar... Enfim,
disse bem e não mentia. O problema é que Constâncio estava rodeado de
jornalistas e, como se sabe, nada mais parecido com mães destravadas do
que um tipo com microfone: "Mas, doutor, o meu Portugal vai ser obrigado
a segundo resgate [é como se diz, para países, cancro no pâncreas]?",
lançou um jornalista. O doutor devia tê-lo mandado passear. Mas o doutor
não era de banco de urgência e deu a resposta parva de um
vice-presidente do Banco Central Europeu: que tudo era possível, cancro e
segundo resgate. Enfim, mostrou como é possível estarmos nas mãos de
incompetentes da pala