Em 238 a.C., em Alexandria, no Egito, durante a monarquia helenística de Ptolomeu III (246-222 a.C.), foi decretada a adição de um dia a cada 4 anos para compensar a diferença que existia entre o ano do calendário, com duração de 365 dias, e o ano solar (em astronomia chamado de ano astronômico sazonal) com duração aproximada de 365,25 dias, ou seja, de 365 dias + 6 horas.
Com este excesso anual de 6 horas um dia extra deveria ser acrescentado ao calendário oficial, a cada 4 anos, para evitar os deslocamentos das datas que marcavam o início das estações. A programação das épocas de semeaduras e colheitas eram baseadas no calendário das estações. Qualquer discrepância neste calendário afetava a agricultura, que era base da economia dos povos antigos. Lamentavelmente, esta tentativa de reformulação do calendário não teve a aceitação necessária e as discrepâncias permaneceram na contagem dos dias.
Quase 200 anos depois, o ano bissexto foi introduzido no calendário por Júlio César, que trouxe de Alexandria o astrônomo grego Sosígenes para elaborá-lo. Ele era necessário porque o tamanho do ano não era um número inteiro de dias. O calendário Juliano baseia-se no fato de que o ano se completa com aproximadamente 365,25 dias.
Para compensar essa fração, foi decidido adicionar um dia extra a cada quatro anos. E que dia foi acrescentado? Pois foi o "dia sexto antes das calendas de Março", que o imperador mandou repetir. Passou, assim, a haver, cada quatro anos, um dia (agora vai em latim) "bis sextum ante diem calendas martii", e lá está o tal "bis sextum" que acabou virando "bissexto".
Esse calendário foi usado até o século XVI, quando observou-se uma pequena discrepância entre o tamanho aproximado (365,25 dias) e o real (365,24219 dias).
Em 1582 o Papa Gregório XIII instituiu o calendário Gregoriano e as regras para determinar o ano bissexto mudaram. Foi considerado que o ano com final "00" de cada século (1600, 1700, 1800, 1900, 2000...) seriam considerados bissextos somente se fossem divisíveis também por 400. De fato isto significou adotar uma média no tamanho do ano de 365,2425 dias, o que causa um erro aproximado de 3 dias a cada 10.000 anos.
A adoção do calendário gregoriano foi feita nos países católicos em 1582, com a eliminação de 10 dias, ou seja, 4 de outubro foi seguido por 15 de outubro. Este calendário também estipulou que o ano começaria em primeiro de janeiro.
Nos países não católicos a mudança foi feita mais tarde; a Inglaterra e suas colônias fizeram a mudança em 1752, onde o dia 2 de setembro precedeu o dia 14 de setembro e o dia de ano novo foi mudado de 25 de março para primeiro de janeiro.
Todos os anos que sejam múltiplos de 4 mas que não sejam múltiplos de 100, com exceção daqueles que são múltiplos de 400, são bissextos.
Os anos bissextos sempre foram cercados de mitos e tradições. Uma das mais divertidas surgiu no século XIII, na Escócia. Em um ano bissexto, eram as mulheres (e não, como de costume, os homens) que tinham o direito de escolher quem desejassem para marido. E se o escolhido não concordasse com o casamento, era obrigado a pagar uma multa de respeito.
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