Estaremos sós neste Universo? Será ele realmente infinito? Se existe Deus, será que se criou a si próprio ou alguém o criou? Quem foi realmente o criador de tudo? Como surgiu a religião, a crença na crença, a fé na fé?
Estas e muitas outras questões acompanham-me a mim e a toda a humanidade durante décadas.
Gostava que as pessoas se confrontassem um dia a si próprias com todas estas questões para poderem avaliar a importância que elas, as questões acima, ocupam no contexto diário das nossas experiências de vida.
No Mundo em que vivemos, onde as sociedades cada vez mais pedem por respostas concretas, decisões rápidas e seguras, deveriam de tirar um tempo para procurar uma resposta a estas questões da alma, crença e da fé. Saber verdadeiramente como tudo isto começou, e como nos influencia...se alguma vez existir vontade de responder a tudo isto!
"A religião é um facto cultural tão Universal como o fogo" diz Jaccques Soustelle.
Assim sendo, a religião surge como um fenómeno de duas faces, onde é possível observar e interiorizar outras concepções de Mundo. Desde a presença de praticas pagãs. rituais mágicos, passando por racionalizações morais da conduta Humana sobre a forma de Fundamentalismos, ou de atitudes do apelidado "Divino" que podem variar desde politeísmos até ao ateísmo, passando por cultos e seitas, tudo é encarado como religião.
Para mim, a Religião, tal e qual como a arte, pertence a um fenómeno de diversos aspectos presentes em todas as comunidades humanas. Ela, a religião, influencia as condutas, as crenças e a própria organização política das sociedades. Torna-se ideológica e arma de legitimação social que por vezes conduz a própria sociedade á criação de fenómenos distorcidos de pseudo religiões que pregam a doutrina da manipulação política e do terror psicológico. Vendo bem as coisas, afirmo, que as varias formas de pensamento religioso criaram diferentes formas de viver, hábitos, preferencias e toda uma nova filosofia de raciocínio do próprio crente. Correcta para uns, errada para outros. O universo religioso envolve-nos num vasto leque de opções referenciais que se torna capaz de produzir preferencias e rejeições.
Sobre isto, dizia Boisse:
" Ser religioso é colocar-se não no ponto de vista do conhecimento e da explicação, mas no ponto de vista da avaliação"
Vivemos numa cultura que possibilita várias e por vezes, impensáveis formas de religião. Também existe a liberdade e a opção de não ter religião alguma. No meu dia a dia faço sempre reverter a meu favor a missiva da tolerância e do respeito pois aceitei á muitos anos a liberdade de um pensar autónomo e criativo face ás eternas questões. Da minha busca por respostas (eternamente reversíveis) ira nascer um perfil Humano, uma outra forma de ver e encarar a vida, um novo dogma, uma nova doutrinal, um outro credo...uma nova fé.
Olho para todos os pensamentos religiosos que conheço e li avidamente, continuo a defender que não passam de um conjunto de crenças espirituais e culturais que reúnem as relações dos Deuses com os Humanos. Onde a verdadeira essência de uma qualquer forma religiosa assenta na sensibilidade e na vontade determinada dos seus seguidores ao lema persistente do sacrifício como testemunho de submissão que ele próprio está disposto a demonstrar como prova da sua própria sinceridade e comprometimento perante Deus. A submissão é uma das pedras basilares, se não, a mais importante.
Para mim, Deus é acima de tudo Amor, Tolerância e Liberdade de pensamento, evolução racional de forma ordenada e respeitosa, do auxílio ao próximo.
Acredito naquilo que Alberto Caeiro escreveu um dia pois é para mim um homem que, por não estar contaminado pela civilização moderna, tem na Natureza a sua religião e a razão fundamental da sua vida. Ele não crê em mais nada, a não ser na Natureza e no existir pelo existir.
"Não acredito em deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que acreditasse nele.
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou.
(...)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os mares e sol e o luar,
Então acredito nele(..)"
É desta crença na Natureza e no existir pelo existir, que surge a característica mais importante da minha maneira de encarar a religiosidade: O paganismo. Como se sabe os poetas que antecederam a Alberto Caeiro eram os Simbolistas, estavam impregnados por um forte misticismo, herdado dos Românticos, também já o fui. Portanto, procuro ver as coisas como elas realmente são, assim, afasto-me da reflexão sobre Deus, surgindo daqui o meu paganismo. A minha profunda crença na fé…
Porque haveremos nós de crer num Deus omnipresente que poucos ou nenhuns resultados apresenta? Porque não vermo-nos como próprios Deuses, donos do nosso próprio destino, Senhores do nosso próprio mundo? O nosso corpo é um santuário que alberga vários outros micros universos no qual governamos com a nossa mentalidade ou atitudes! Cá se fazem, cá se pagam…causa e efeito…
Ora et Labora
In Corpus Hermeticus