- Barulho.
- Wikileaks.
- Autoridades.
- Ansiedade.
- Vergonha.
- Efervescência.
- Estrondo.
- Mudança.
Você Continua Não Enxergando
É uma época intrigante para se estar vivo.
Vivemos em uma época onde praticamente 85% das populações ocidentais ainda não sabem sequer que o povo Iraniano não tem literalmente nada de árabe, onde a política do “atirar primeiro, esconder depois” dita as regras do jogo, onde ainda se finge que o Islã não é disparada a religião com mais adeptos no mundo e onde o big-brother na forma do indivíduo conectado volta-se contra o próprio big-father: …você pode ter umas histórias e tanto para contar para os seus filhos e netos nas próximas décadas.
A propósito, os Iranianos são um povo que desde a sua primeira fundação, que data de registros neandertais da região de Zagros no período Paleolítico, até a Era do Bronze e integrações e novas separações de povos como os Medos, Persas, Sumérios, Citas, Báctrios, Sarmacianos e Alanos. Como descendentes diretos do antigo povo Persa conseguiram lá atrás se estabelecer na região da Eurásia Central, fundando seu país e preservando sua cultura em meio ao que se tornavam os povos árabes. Mas não são árabes, descendem de bem antes. Antes que você pergunte…
Mesmo que sempre romanceados em filmes de guerra fria das últimas décadas, a espionagem e o “homem” na figura dos grandes governos nunca chegava realmente a passar disso: de especulação, conspiracionismos e romance. Até muito recentemente.
O mundo todo está diante de mudanças e variações inéditas em um novo tipo de guerra. Uma guerra tão viciosa e violenta quanto quaisquer outras no seio dos tempos. Mas nem por isso tão menos importante ou substancial para o mundo que vivemos. Finalmente, o adágio “poder é informação” se faz valer ao ápice de sua máxima, e pouca coisa ficará igual antes mesmo de você terminar de ler este texto.
Wikileaks
Como o assunto está sendo exaustivamente explorado pela mídia (e não é para menos) nem sempre da maneira mais profícua ou construtiva, vamos procurar resumir a atualidade da questão em uma reportagem mais cronológica e pouco opinativa. O que fica amplamente ao seu critério, leitor, via comentários abertos.
Após consultar centenas de fontes durante a semana e organizar a linha do tempo para esta matéria, cheguei a uma conclusão inescapável: nem tudo é jornalismo. Nem mesmo a mais sensível das informações pode mover o mundo sem que o seu processamento seja adequado e a sua apuração seja sistematicamente organizada. Nem mesmo a mais aterrorizante das delações ou revelações (whistle-blowing) fará com que os poderes se reorganizem. E também que… nenhuma dessas coisas são o real própósito do WikiLeaks.
Esperar que o escarnecer das feridas podres de quem controla e espiona vá mudar alguma coisa é no mínimo lúdico. A primeira e mais humana das reações é o remédio, a eliminação da origem das feridas e um prolongado recolhimento. Julian Assange entendeu isso e posicionou seu ato em esferas bem distintas. É necessário que o “mensageiro” pense como muitos outros além daquele que entregará a mensagem e protegerá sua origem.
É preciso pensar como a grande corporação com o rabo preso, como o ditador corrupto, como o diplomata trapalhão, como a senadora preocupada, como o sheik excêntrico, como o louco nuclear, como todos. É preciso pensar… como um hacker. E quem não espera a hora de receber a chave com o uncoding para o arquivo “insurance.aes256” e saber qual é o conteúdo da apólice de seguro de vida do próprio Julian Assange? (um torrent de 1,4 GB que já foi baixado por milhares de pessoas e aguarda uma chave de decriptação para ser revelado, caso alguma coisa aconteça a Assange)
É difícil enquadrá-lo em algum crime. Será difícil processá-lo por algo e as tentativas desesperadas de colocá-lo numa sala sozinho sob denúncias estranhas de violência sexual não colaram. Mesmo sob as constantes remarcas dele próprio de que “é seguido constantemente” por agentes e espiões, ninguém consegue nem mesmo matá-lo tamanho é o alarde e o momentum que atingiu seu projeto. Provavelmente, nem mesmo ele esperava que as coisas escalassem a esse ponto, que tantas discussões seriam levantadas.
Ou ele é um gênio, ou um sádico — como diz a mídia. O WikiLeaks não é um remédio para nada e no que depender de sua arriscada, porém bem arquitetada métrica, não será possível esconder nenhuma ferida.
O Mensageiro e o Delator
O que você faria se tivesse acesso ao real status do mundo em que você vive? Se soubesse o que se passa nos grandes acordos farmacêuticos entre países do 1º e do 5º mundo? Se pudesse compreender sem qualquer acessório midiático qual serão os próximos movimentos dos grandes governos, das grandes corporações, das guerras e da paz?
Historicamente, ninguém nunca gostou do alcoviteiro. Em tempos medievais, o homem sussurrava os seus pecados nos ouvidos de bodes e cabras, que ficavam imóveis como se ouvissem empática e caridosamente as suas mais vergonhosas confissões. Tamanha era a sua necessidade de purgar de si próprio todos os segredos; tamanho era o medo de ter a cabeça cortada por conta deles. Não, não vai dar bode. Confie no bode!
Começou em 2006, talvez na infância de Assange. Mas em 2010, deu bode!
O delator, justificado ou maldoso, sempre foi e sempre será perseguido. Você não pode discordar do sistema. Que o diga Bradley Manning, o jovem oficial de inteligência que foi dedurado pelo sub-hacker Adrian Lemo e está preso por cometer o crime de exposição de informações secretas.
PS: só é crime se você for pego. Nesse caso, você é o bandido (mesmo que tenha revelado a coisa mais pútrida do mundo, como inocentes e crianças metralhadas as gargalhadas). Do contrário, se você “não exisitir”, você é herói. É “fonte”.
Mas, novamente, nem aqui ele se encaixa. Assange e o WikiLeaks não são os delatores, mas sim os seus mensageiros e até o momento, ninguém foi publicamente traído — algo notável nos dias de hoje.
Sistema
Incrivelmente, Assange e mais os seus 40 colaboradores fixos e mais de 800 colaboradores esporádicos têm feito um trabalho incrível em proteger “todas” as suas fontes, sem excessão. Há quem pense que o jovem oficial de inteligência Bradley Manning está aprisionado por conta do WikiLeaks, quando na verdade foi Adrian Lorpa Lemo que “‘fez um acordo” para levar um tapa na mão, pagar 65 mil de indenização e encarar uma prisão domiciliar na casa dos pais. Hoje, ele anda na rua e recebe ao mesmo tempo carinho dos fanáticos e ódio dos hackers.
Que ele foi “bem passado” pelos federais, não tenha a menor dúvida. É uma posição difícil para um imbecil. Uma hora você é um hacker pseudo gray-hat dando entrevistas com sua rápida articulação para programas de TV (assista), logo em seguida você aparece na CNN completa e assustadoramente medicado e com uma aparência incrivelmente “diferente” (assista).
Como alguns podem saber, sou psicoterapeuta/pesquisador há quase dez anos. Se tem uma coisa que não é tão difícil para qualquer colega reconhecer é a diferência entre quando uma pessoa está drogada e quando está dopada. Acredite, existem oceanos de diferença entre quando você se droga e quando alguém faz isso por você. As coisas ficam ainda mais fáceis se adicionarmos privação de sono por umas 48 horas ou mais, escassez/excessos de líquidos, etc. Para mim, Adrian foi muuuuito bem passado neste último vídeo acima — e não me surpreenderia nada se estivesse todo abarrunfado de docinhos intravenosos. E que não venham me falar da sua Síndrome de Asperger nem de seu ulterior problema com drogas. Enfim, dá um certo cagaço “ver” isso na vida real, fora da tela de cinema. Mas enfim, tergiverso…
Pois é… o mundo não é como nos video games. As coisas acontecem. São reais. Estão aí, para quem quer e pode enxergar.
Como?
O que é o WikiLeaks? Esse breve vídeo da CNN ou essa entrevista de Julian Assange para a Forbes explicam com bastante profusão do que realmente se trata o website. Sem os reparos formais da mídia, provavelmente, talvez a melhor maneira de entender o que realmente é o Wikileaks seja observar Chris Anderson e Julian Assange conversando rapidamente nesse encontro do TED Talks (cortesia colaborada pela Fabiane Lima. Cheers, Fabi!).
Se quiser, você pode ouvir das próprias palavras de Assange via um texto que escreveu chamado “A Verdade Ganhará Sempre“, publicado originalmente no The Australian e traduzido para o português brasileiro no Observatório da Impresa. É uma SENHORA carta, como tenho certeza que há um bom tempo o amigo leitor não tem lido. Leia-a.
As explicações podem ser muitas e dificilmente estariam incorretas. Na imensa falta de precedentes, o WikiLeaks pode ser o que você quiser que ele seja. E isso é o que menos importa. A questão é: o que um site, uma idéia, um “esquema” como o Wikileaks pode provocar? Aí é que são outras…
O jovem jornalista australiano, filho de pais que trabalhavam na indústria do teatro/cinema e que viajou e estudou em mais de 37 escolas, já foi processado por atividades jornalísticas, subversão e até hacker-ativismo também. Tudo ainda bem jovem. Quem diria? E o quê realmente quer este homem?
Whistle-Blowers
Existem muitos websites como o WikiLeaks, há anos. Por que ele, então? Como é possível que em apenas em menos de dois anos mais informações sensíveis (muito mais) e segredos podres vazem mundialmente, mais do que todos os jornais e telecomunicadores do mundo juntos em toda a história? Faz-nos no mínimo pensar o quão péssimo tem sido nosso trabalho em verdadeiramente monitorar aqueles que nos representam, não acha?
Certamente que o profundo conhecimento de como “funcionam as coisas” do ponto de vista tecnológico e informacional garantem a Assange uma vantagem sobre qualquer outro “mensageiro”. O mundo também não exige que documentos sejam fotocopiados e enviados por fax, a regra da delação mudou e ser um ex-hacker experiente pode (e fez) toda a diferença.
Enquanto você pensa nessa e em outras questões, procurei agrupar uma linha do tempo com as informações sobre os eventos e destaques mais importantes, de maneira resumida, para sua referência e elaborações
Linha do Tempo (recente):
_____________________________________
Algumas das principais fontes consultadas:
- Entrevista concedida ao jornal El País, onde Assange fala das ameaças de morte contra seus filhos, ele, familiares pelos EUA
- “Três Questões Respondidas” sobre o WikiLeaks no Explainer.Net (grupo de pesquisa em jornalismo explicativo)
- Imagens incríveis sobre o “Bunker” server do WikiLeaks, em Estocolmo/Suécia – Time Magazine
- Texto “A verdade ganhará sempre”, de Julian Assange, traduzido no Observatório de Imprensa
- Elaboração sobre as origens do WikiLeaks no The New York Times, bem como toda a seção do periódico sobre o tema
- Texto explicativo do Technology Review sobre Julian Assange e o website WikiLeaks
- Vídeo do presidente Lula apoiando publicamente o ‘VikiLikis’
- Julian Assange e Chris Anderson conversam sobre o WikiLeaks no TED Talks
- Artigo “The War on Secrecy” de Massimo Calabresi para a revista Time, sobre as ‘consequências da verdade’
- Artigo da Techland sobre a queda do domínio (url) do WikiLeaks
- “Relatório da Ciber-Guerra” da Brasileira BRSoft, com a conta dos últimos relatos na mídia
- Explicação do grupo “Anonymous” para o site português SAPO para a real motivação dos ataques DDoS
- “The Claiborn Diaries” no Daily Kos, relatórios da ciber-guerra sobre o que ele chama de “O primeiro golpe de estado na Internet”
"